terça-feira, 26 de junho de 2012

Jovem da periferia de SP transforma madeira velha em violinos

As gavetas de um velho guarda-roupas de araucária se uniram ao pedaço de uma mesa de imbuia. Juntas, sob a forma de um violino, agora tocam Beethoven e Bach. Assim, os móveis descartados em um terreno baldio se transformam em música no extremo leste de São Paulo.


Desde 2009, quando começou a frequentar aulas de luteria - construção de instrumentos musicais -, David Rocha, 20, busca no lixo a madeira para montar seus próprios instrumentos.

"O tampo desse violão clássico é de abeto, uma madeira da Europa parecida com o pinho. Veio de uma caixa de bacalhau da Noruega que eu peguei no Mercadão", explica o jovem músico, na oficina de luteria.

Com a madeira que encontra, David já construiu um alaúde, um cavaquinho, um bandolim, uma rabeca e outro violão, barroco.
O interesse pela música vem desde criança, quando assistia, pela televisão, aos concertos da Sala São Paulo. Aos 16, ele aprendeu a tocar em uma igreja evangélica.
Determinado a montar um violino só para ele, David encontrou nos móveis descartados um meio para isso.

"Cada madeira que eu encontrava, mostrava para o professor, para saber se servia", conta David.

Ele cursa o último ano do ensino médio e hoje é monitor da oficina de luteria durante a tarde. Pelo trabalho, ele recebe uma bolsa de R$ 450 da Fundação Tide Setúbal, que promove o curso no Galpão de Cultura e Cidadania de São Miguel Paulista.
Como não segue as rígidas especificações usadas na fabricação do violino, o que David fabrica é chamado de rabeca-violino, uma versão mais rústica do instrumento.

"Ele obteve um resultado de qualidade muito rápido para quem está começando", elogia Fábio Vanini, professor da oficina de luteria.

"A vantagem de ele usar as madeiras do lixão é que elas passaram pela prova do tempo, não vão mudar mais suas características", diz o luthier.

MÚSICA VERDE

O interesse de David por materiais reciclados pode se tornar uma vantagem, já que o ofício sofre com a falta de madeira nacional disponível. Segundo Vanini, a maioria dos bons violões é feita com jacarandá-da-bahia, que tem o corte proibido. Ou de mogno, difícil de ser encontrado.
Além de seguir a carreira como músico e luthier, um dos sonhos do "violinista do lixão" é conhecer a Sala São Paulo, onde tocam as melhores orquestras da cidade.

"Uma vez fui com minha mãe, mas chegamos atrasados e não conseguimos entrar", desabafa.

CONVITE

Heber Sanches, professor de violino da Fundação Bachiana, assistiu ao vídeo de David, feito pela Folha.

"Bacana o som que ele tira do instrumento. E tem muito luthier que adoraria tê-lo como aprendiz". Empolgado, Heber quer convidá-lo para ter aulas na fundação.

Matéria original da Folha Online:

CORREA, Vanessa. Jovem da periferia de SP transforma madeira velha em violinos. disponível na internet. <http://www1.folha.uol.com.br/multimidia/videocasts/912475-jovem-da-periferia-de-sp-transforma-madeira-velha-em-violinos-assista.shtml>. Junho/2012.

A música tocada por David Rocha é "Jesu, Bleibet Meine Freude" (Jesus, Alegria dos Homens), de Johann Sebastian Bach, escrita em 1716, em Leipzig, Alemanha. A versão completa dela, pode ser ouvida no violão de Humberto Amorim, abaixo:


QUESTÃO:

Cite dois pontos positivos no uso destas madeiras encontradas por David Rocha que são informados no texto.

Alianças quase impensáveis


Neste ano há eleições marcadas para os cargos de prefeito e vereadores Brasil afora, e, por isso, vemos políticos se movimentando, firmando alianças para se tornarem mais fortes na campanha eleitoral. Estas alianças buscam juntar eleitores para um determinado candidato e aumentar a duração do programa eleitoral do candidato no rádio e na TV. Se eleito, os partidos que o apoiaram ganham secretarias, cargos etc.
Para estas eleições, há alianças quase impensáveis há alguns anos atrás. Garotinho, hoje no PR, se uniu a César Maia (DEM) para, juntos, disputarem a eleição para a Prefeitura do Rio contra Eduardo Paes, que é apoiado por Sérgio Cabral, ambos do PMDB. A idéia é a seguinte: o filho de César Maia, Rodrigo, é candidato a prefeito, tendo como sua vice, Clarissa, a filha de Garotinho. Os dois juntos buscam juntar seus votos para bater Eduardo Paes.
O curioso é que os atuais aliados já foram adversários dos mais agressivos. Garotinho venceu César Maia numa disputa pelo cargo de governador. Os dois já se chamaram de mentirosos um ao outro; Garotinho chamou César Maia de ladrão e disse que o legado das suas administrações no Rio foi uma tragédia; por outro lado, César Maia disse, no passado, que pediria a prisão de Garotinho.
Outra detalhe: no passado, Paes era aliado de Maia (surgiu na política como subprefeito da Barra, na administração César Maia) e Cabral era aliado de Garotinho (na época de sua eleição para o Senado). Confuso, não?
Em São Paulo, a corrida pela prefeitura também deu origem a uma aliança inesperada para muitos. O ex-presidente Lula (PT) buscou o apoio do ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf (PP). Lula foi preso pela ditadura militar e Maluf ajudou a ditadura. Lula já chamou Maluf de ladrão e de “símbolo da pouca-vergonha nacional”. Maluf já chamou o ex-presidente de desocupado.
São desqualificações fortíssimas. Por menos, pessoas muito amigas deixam de se falar. Mas nossos políticos tem a grande capacidade de deixar as desavenças de lado, mudar de opinião e se unir.

Fontes:

O ESTADO DE SÃO PAULO. Governador tem carreira apoiada em seus padrinhos. Disponível na internet. <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,governador-tem--carreira-apoiada--em-seus-padrinhos-,875674,0.htm>. Junho/2012.
OLIVEIRA, Carlos Roberto. Lula, Maluf e prostituição política. Disponível na internet. <http://apatotadopitaco.blogspot.com.br/2012/06/lula-maluf-e-prostituicao-politica.html>. Junho/2012.
UOL. Aliança entre ex-rivais Garotinho e César Maia vira piada e gera indignação no Twitter. <http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2012/02/28/alianca-entre-ex-rivais-garotinho-e-cesar-maia-vira-piada-e-gera-indignacao-no-twitter.htm>. Junho/2012.
UOL NOTÍCIAS. Polêmicas entre César Maia e Garotinho. Disponível na internet. <http://noticias.uol.com.br/album/120303garotinhomaia_album.htm#fotoNav=7>. Junho/2012.

QUESTÃO:

Quais são os dois políticos citados no texto que são do mesmo partido?

sábado, 16 de junho de 2012

Notícias da saúde pública no Rio

No Rio, os hospitais públicos são de três tipos, dependendo de seu administrador: federais (Governo Federal), estaduais (Governo do Estado) e municipais (Prefeitura). A população pode usar qualquer um deles. Quando os governos não agem direito, quem sofre é o povo.
O Hospital Estadual Pedro II, em Santa Cruz, ficou fechado por quase dois anos, depois de um incêndio. A opção pública para quem mora na região se tornou o Hospital Estadual Rocha Faria, em Campo Grande. Em agosto de 2010, este hospital fazia cerca de 900 atendimentos de emergência; depois do incêndio do Pedro II, esse número passou para cerca de 20 mil. Logo, o Rocha Faria ficou superlotado, e seus médicos, sobrecarregados.
Entre março e abril de 2011, o comerciário Thiago VTC (ele quis se identificar apenas assim) vivenciou a tragédia da saúde pública. Seu pai, de 54 anos, com um tumor no intestino, ficou sendo atendido por três dias, em uma cadeira no corredor. Este senhor faleceu quatro dias depois de ser transferido para uma enfermaria, quando houve alguma maca disponível. Thiago lamenta:

“A demora no atendimento adequado pode ter piorado o quadro dele”.

Outro médico da unidade declarava na época:

“Isso aqui é um campo de guerra”.

Em fevereiro deste ano, uma equipe do jornal O Dia esteve no hospital e encontrou, pelo menos, trinta pacientes em um corredor, com patologias diversas, havendo um que ficava deitado junto ao quadro de energia. Alguns já estavam “internados” ali há uma semana, sem tomar banho, dividindo espaço com lixeiras. Um funcionário não identificado apresenta o seguinte panorama:

“É muito paciente para pouco funcionário. Os médicos têm que gritar, como se fosse uma lista de chamada, de tão cheio que está o hospital. E se o paciente não estiver atento para responder, é esquecido. Não há como atender a todos”.

No início deste mês de junho, equipe da TV Record entrevistou uma médica de plantão no hospital, que não conseguiu evitar reclamar pelas condições da unidade de saúde:


Naquele dia, a médica teve que atender, ao mesmo tempo, um enfartado e um suicida. A reportagem apurou que, naquele dia, foram realizados, no total, 497 atendimentos de emergência na unidade, quatro vezes mais do que sua capacidade (120 atendimentos/dia).
O Hospital Pedro II – cujo fechamento seria responsável pelo excesso de pacientes no Rocha Faria – finalmente, foi reinaugurado em toda sua capacidade no último dia 7 de junho, agora como hospital municipal. Mas a Prefeitura, que gastou noventa e seis milhões de reais na reforma (R$ 96.000.000), o entregou para uma organização social (OS) chamada Biotech Humana, do grupo Pelegrine Saúde, um grupo particular.
A Prefeitura irá pagar duzentos e cinqüenta e sete milhões de reais (R$ 257.000.000) para que esta OS administre a unidade por dois anos. Ou seja: a prefeitura gasta com a reforma do hospital e depois o entrega para a iniciativa privada que irá receber outro dinheiro da Prefeitura. O Governo do Estado também pagará quarenta milhões de reais (R$ 40.000.000) para a Biotech.
O vereador Paulo Pinheiro ainda questiona a escolha desta OS para administrar o hospital:

“...tudo indica que [o controle do hospital] será ganho pela Biotech, cujo responsável técnico, Sr. Valter Pelegrine, é o mesmo que foi expulso do Pedro II em 1998, por má gestão. O Grupo Pelegrine Saúde é o mesmo que ganhou licitação para gerir o Hospital de Acari [Hospital Municipal Ronaldo Gazolla], onde foram cobrados vinte e cinco milhões [de reais] (R$ 25.000.000) por serviços não realizados, incluindo 15 mil tomografias num hospital que não possui tomógrafo...”.

QUESTÕES:

1. Como você acha que está a administração da saúde pública do Rio? Cite dois elementos do texto que justificam sua resposta:
2. Aponte quais são os gastos totais da Prefeitura com o Hospital Pedro II citados no texto:
3. Por que Paulo Pinheiro parece discordar da escolha da Biotech Humana pela Prefeitura?